quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A mais bela flor







O bosque estava quase deserto quando o homem se sentou para ler, debaixo dos longos ramos de um velho carvalho.



Estava desiludido da vida, com boas razões para chorar, pois o mundo estava tentando afundá-lo.



E, como se já não tivesse razões suficientes para arruinar o seu dia, um garoto chegou, ofegante, cansado de brincar.



Parou na sua frente, de cabeça baixa e disse, cheio de alegria:



Veja o que encontrei!



O homem olhou desanimado e percebeu que na sua mão havia uma flor.



Que visão lamentável! Pensou consigo mesmo.



A flor tinha as pétalas caídas, folhas murchas, e certamente nenhum perfume.



Querendo ver-se livre do garoto e de sua flor, o homem desiludido fingiu pálido sorriso e se virou para o outro lado.



Mas, ao invés de recuar, o garoto sentou-se ao seu lado, levou a flor ao nariz e declarou com estranha surpresa:



O cheiro é ótimo, e é bonita também...



Por isso a peguei. Toma! É sua.



A flor estava morta ou morrendo, nada de cores vibrantes como laranja, amarelo ou vermelho, mas ele sabia que tinha que pegá-la, ou o menino jamais sairia dali.



Então estendeu a mão para pegá-la e disse, um tanto contrafeito:



Era o que eu precisava.



Mas, ao invés de colocá-la na mão do homem, ele a segurou no ar, sem qualquer razão.



E, naquela hora, o homem notou, pela primeira vez, que o garoto era cego e que não podia ver o que tinha nas mãos.



A voz lhe sumiu na garganta por alguns instantes...



Lágrimas quentes rolaram do seu rosto enquanto ele agradecia, emocionado, por receber a melhor flor daquele jardim.



O garoto saiu saltitando, feliz, cheirando outra flor que tinha na mão, e sumiu no amplo jardim, em meio ao arvoredo.



Certamente iria consolar outros corações que, embora tenham a visão física, estão cegos para os verdadeiros valores da vida.



Agora o homem já não se sentia mais desanimado e os pensamentos lhe passavam na mente com serenidade.



Perguntava-se como é que aquele garoto cego poderia ter percebido sua tristeza a ponto de aproximar-se com uma flor para lhe oferecer.



Concluiu que talvez a sua autopiedade o tivesse impedido de ver a natureza que cantava ao seu redor, dando notícias de esperança e paz, alegria e perfume...



E como Deus é misericordioso, permitiu que um garoto, privado da visão física, o despertasse daquele estado depressivo.



E o homem, finalmente, conseguira ver, através dos olhos de uma criança cega, que o problema não era o mundo, mas ele mesmo.



E, ainda mergulhado em profundas reflexões, levou aquela feia flor ao nariz e sentiu a fragrância de uma rosa...



* * *



Verdadeiramente cego é todo aquele que não quer ver a realidade que o cerca.



Tantas vezes, pessoas que não percebem o mundo com os olhos físicos, penetram as maravilhas que os rodeiam e se extasiam com tanta beleza.



Talvez tenha sido por essa razão que um pensador afirmou que o essencial é invisível aos olhos.







Redação do Momento Espírita com base em mensagem volante sem menção ao autor.

Disponível no livro Momento Espírita vol. 5, ed. Fep.

Em 26.08.2010.



Tenham um dia repleto de paz!



Beijos em vossos corações

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