quinta-feira, 18 de novembro de 2010

O PAPEL DA GRANDE PIRÂMIDE - Por Marisa Castello Branco


 

Alguns egiptólogos consideram-na como sendo monumento funerário e outros como uma espécie de observatório astronômico.
Sua orientação particular e diversas características de sua arquitetura, nos fornecem indicações assombrosas sobre o conhecimento dos egípcios no que concerne aos movimentos dos astros no céu, diversas medidas importantes, a posição de certos corpos celestes etc... Mas não basta dizer que a Grande Pirâmide foi construída para testemunhar os acontecimentos dos antigos sábios.  Seria minimizar seu papel e sua importância.  Este monumento devia reproduzir todos os traços do Universo, sendo destinado à ser dele (Universo) o "duplo", o -KA-.  Da mesma forma que o Universo veio à vida ao apelo do Divino Logos, a Pirâmide representava a primeira montanha que emergiu da massa das águas primordiais do NUM.  A montanha primordial ATZLAN dos Astecas do México era uma reminiscência que aparentava a mesma idéia.
As Pirâmides eram cercadas ou por uma fossa cheia de água, ou por um muro evocando por sua forma o signo hieroglífico designando a água.
A idéia dos construtores era portanto a mesma: representar a montanha primordial aparecendo fora da massa das águas.  O próprio nome da pirâmide, "pyrmus", significava : "saindo ao ser".
Encontramos a mesma raiz em diversas palavras que tinham relação com a manifestação do poder criador.  Por exemplo, o "nascimento" se dizia: "per-msb", que significava literalmente "SAIR DA PORTA".  O LIVRO DOS MORTOS era chamado "per-m-khrou", isto é, "a saída para a luz".  "Per-Khrou" era o nome do poder criador do verbo, que, "chamava à vida" um objeto inanimado.
A própria forma da pirâmide, representava um raio de sol petrificado, fixado permanentemente à terra, e sobre a qual o sol "repousa por um momento devorando sua sombra".  A pirâmide constituía pois, simbolicamente, uma parte do corpo do sol. A razão pela qual a pirâmide tornou-se o lugar de sepultura é evidente, pois todas as preces do morto eram no sentido de que fosse admitido na barca solar afim de atravessar, as sombrias passagens do DUAT. Parece lógico que, para que suas preces fossem ouvidas, ele devesse ser sepultado numa construção que representa ela própria um "raio de sol".
Isto concerne à quase totalidade das pirâmides que encontramos no Egito, e que são, com efeito, monumentos funerários construídos sobre câmaras contendo um sarcófago.


 

Mas isto não concerne absolutamente à Grande Pirâmide de Gizé, a única que foi construída, desde o fundamento até o cimo, com a precisão requerida por um instrumento, uma jóia e que encerra para toda a eternidade, em cada uma de suas medidas, as correspondências essenciais com o Universo.  Todas as outras pirâmides eram reproduções grosseiras da forma geral da Grande Pirâmide, sem ter dela nem a precisão, nem a execução perfeitas.
Este monumento eterno, além de seu papel de resumir conhecimentos astronômicos, era destinado a servir de santuário para o culto solar, no qual se realizava o Mistério da mais alta Iniciação.
   

Grande Pirâmide e Câmaras
  
O corredor de entrada desce num ângulo de aproximadamente 26º.  Este corredor vai de encontro a um outro que sobe segundo um ângulo sensivelmente igual.  Este se divide, a certa altura, em dois corredores que levam, um a uma galeria no teto elevado, chamada : "A GRANDE GALERIA", a qual conduz à "CÂMARA DO REI", e outra horizontal, a uma outra câmara conhecida sob o nome de "CÂMARA DA RAINHA".
Se compararmos a disposição destes corredores com as passagens figuradas sobre as    pinturas murais que representam o trajeto do sol através do "HADES", não se pode deixar de notar pontos comuns.
A entrada simboliza a PORTA DOS INFERNOS onde o morto desce, desaparecendo na      obscuridade entre as montanhas de Abidos.  A descida prossegue até o encontro com o      CORREDOR ASCENDENTE.  É a hora do julgamento.  Este, em razão dos pecados cometidos      em sua existência encarnada, é condenado à destruição, ou, como diz o texto do "Am-Duat"     "vai para a região de Soker" (o deus da terra), desliza ao longo da descida que representa o      falso caminho RESTAU.  Ele cai no fosso e é tragado sob o monte de areia de Soker. Aquele, que ao contrário, provou por sua vida direita que é digno da vida eterna, merece a recompensa da ressurreição e se eleva pela passagem ascendente até a nova bifurcação.  A passagem ascendente  é chamada no LIVRO DOS MORTOS: "Caminho da Verdade nas Trevas".  Quando chega a este ponto, lhe é deixada a escolha. A porta que se abre para o corredor horizontal representa a porta HADES no mau caminho RESTAU.  Este corredor conduz à câmara das "coisas secretas de RESTAU", através da qual o deus (preparando sua ressurreição) não passa, mas (os que estão nesta câmara) ouvem sua voz". (Am-Duat-4ªdiv.)

O LIVRO DOS MORTOS chama esta câmara: "CÂMARA DO 2º NASCIMENTO". Isto significa que, apesar de aqueles que escolheram este caminho tenham renunciado à elevação suprema      predestinada, lhes é permitido "ouvir a voz do Logos" e eles estão conseqüentemente     capacitados a reparar seu erro, implorando a Deus que lhes conceda a permissão para alcançar o caminho verdadeiro.
Resta "A GRANDE GALERIA", chamada no LIVRO DOS MORTOS: "O CAMINHO DA VERDADE PARA A LUZ".  É a ascensão para o lugar da ressurreição.  Ele representa o trajeto do sol se elevando para o lugar de seu nascimento nas montanhas orientais.  Este lugar misterioso do nascimento do Sol é simbolizado pela "CÂMARA DO REI".  O teto da passagem horizontal que conduz a esta câmara é rebaixado por três enormes pedras que obrigam aquele que quer penetrar na câmara a abaixar-se muito, por três vezes.  Esta passagem é chamada no LIVRO DOS MORTOS: "VESTÍBULO DO TRÍPLICE VÉU".  Esta passagem impõe o último obstáculo antes da alma ser definitivamente admitida no lugar da ressurreição, que o LIVRO DOS MORTOS chama de: "A CÂMARA DA TUMBA ABERTA".  Um sarcófago de granito de bela feitura se encontra na CÂMARA DO REI.  Não há tampa para esta "TUMBA ABERTA"; ela jamais foi utilizada para conter o morto e jamais foi destinada a este uso.
Um outro traço importante que caracteriza a Pirâmide de Gizé, é seu perfeito sistema de ventilação. Nenhuma outra pirâmide, nenhuma outra tumba do Egito, foi provida de ventilação de espécie alguma.  E isto é perfeitamente compreensível, pois as tumbas eram feitas para conter corpos mortos que "não respiram".  Nenhum ser vivo podia penetrar numa tumba após os funerais, pois ela era selada e sua entrada obstruída por pedras; ela se tornava um "lugar secreto", a morada do morto.  O simples fato da existência de um sistema de ventilação instalado na Grande Pirâmide deveria ter chamado a atenção e mostrar que este monumento não era destinado aos mortos, mas ao uso de pessoas vivas, que tinham necessidade de respirar.
É preciso ter presente na mente que as representações do Duat foram compostas pelos      sacerdotes da época tebena (XI e XX Dinastia) quando o dogma foi tornado muito complexo.    
   
**Tudo o que foi escrito é baseado em documentos autênticos e não é de forma alguma baseado em especulações, nem em imaginação fantástica.

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