quarta-feira, 6 de julho de 2011

INSCRIÇÕES MAIAS REVELAM MIL ANOS DE PAIXÕES, INTRIGAS E GUERRAS

México, 5 jul (EFE).- As inscrições da escrita maia revelaram aos especialistas pelo menos mil anos da história de seus governantes, suas paixões, suas intrigas, as guerras em que se envolveram e os rituais que praticavam, disse à Agência Efe o arqueólogo Enrique Vela, editor da revista "Arqueología Mexicana".



O especialista explicou que o número de julho da revista, dedicado às cidades maias do período clássico (250-900 d.C.), mostrará detalhadamente a vida dos governantes de Yaxchilan, Calakmul, Palenque, Toniná, Copán e Tikal, entre outras cidades.



O arqueólogo lembrou que o pesquisador soviético Yuri Knorosov decifrou a escrita hieroglífica maia e a partir de seu trabalho foi possível conhecer o sentido das inscrições maias e através delas todas as histórias dos governantes.



Vela explicou que os europeus, ao chegar à América, ficaram surpresos ao encontrar sociedades estruturadas da mesma forma como as do Velho Continente, com um governante quase divino, sacerdote e comandante-em-chefe dos guerreiros.



No entanto, o arqueólogo advertiu que a informação deve ser considerada com reserva, pois ali está escrito o que queriam os reis, tudo deve ser visto como propaganda dos governantes e seus relatos devem ser comparados com os resultados das pesquisas.



"Às vezes as inscrições indicam que suas cidades eram enormes, mas os dados arqueológicos nos mostram que eram pequenas, ou mesmo que um governante tinha uns 80 anos, quando seus restos ósseos demonstram uma idade de 53 anos", exemplificou.



Vela declarou que os governantes se encarregavam de cumprir os rituais, entre eles os sacrifícios para perpetuar a continuidade dos ciclos naturais, e quando representavam as divindades os chefes usavam máscaras dos deuses.



"No caso dos maias eram auto-sacrifícios, os chefes doavam seu sangue, furavam a língua, o pênis, as orelhas... O sangue que brotava era o líquido sagrado", ressaltou.



O especialista esclareceu que, mesmo sem dados sobre sacrifícios humanos, nas pinturas de Bonampak, no estado de Chiapas, "existem imagens de decapitações onde se observa que do corpo de um sacrificado corre o sangue", aparentemente de uma extração de coração.



Segundo o antropólogo, os maias não eram nada pacíficos e estavam em guerra o tempo todo - todas estão registradas nas inscrições. "Agora sabemos como se chama cada um dos chefes em cada cidade, qual foi sua história, suas paixões e suas guerras recordadas nos escritos", considerou.



Sobre o abandono das cidades do período clássico maia e seu êxodo ao norte de Iucatã, Vela afirmou que não existe nenhum mistério, mas uma conjunção de fatores como o clima de guerra, a pressão demográfica e o esgotamento da terra por uma agricultura depredadora dos solos.



"Temos a ideia que existem várias cidades perdidas na floresta, algumas já exploradas, mas há muito mais, existem milhares de cidades sepultadas sob a selva, algumas de grande tamanho", concluiu. EFE

MACHU PICCHU ABRIGA DESENHOS OCULTOS QUE SÃO REVELADOS COM A LUZ DO SOL




EFE – 2 horas 8 minutos atrás tweet0Email Mónica Martínez R.



Lima, 6 jul (EFE).- Os construtores da cidadela inca de Machu Picchu, no sudeste do Peru, deixaram ocultos desenhos de condores, alpacas e lhamas em sua estrutura, que só podem ser vistos sob os raios do sol e em determinadas épocas do ano.



Há mais de 600 anos, os artífices da cidadela inca "foram guiados pelos astros, pelas montanhas e pelos rios" para escolher o local exato da construção do Machu Picchu, pois se tratava de um lugar "estratégico" para os incas, relatou à Agência Efe o pesquisador Zadir Milla.



De acordo com os vestígios encontrados em Machu Picchu, um dos principais usos da cidadela era para o "culto à terra" porque em seus 1 mil metros de plataformas de estação os incas desenvolveram um centro de pesquisa para o melhoramento de sementes e cultivos, afirmou Milla.



Em segundo lugar, acrescentou o especialista, o santuário arqueológico era "um centro de peregrinação" onde se mostrava o cosmos a uma elite, além de "um observatório astronômico".



"A cultura andina é cosmocêntrica, onde tudo faz parte de uma harmonia integrada e os seres constituem uma família", disse Milla, autor da pesquisa "O código secreto de Machu Picchu".



O Machu Picchu foi uma escola para que seus governantes se preparassem para o conhecimento do universo e a única forma de fazê-lo era vê-lo em movimento, entre as montanhas, nas diversas estações do ano e sob os astros.



"Nossos antepassados foram tão fora de série que criaram um espaço cuja imagem vai mudando no transcurso do ano", destacou.



Quando alguém vê a cidadela arqueológica do alto, pode observar que a montanha de Machu Picchu tem a forma de um condor com as asas abertas, ave que representa o sol, o deus criador da vida e da fecundação.



Além disso, a parte alta do Huayna Picchu, outra montanha que rodeia o lugar, tem a forma de uma lhama olhando para o céu, que representa a terra.



"Há um lugar dentro da cidadela que chamam de prisões (porque parecem três celas de pedra) que se encontra sobre uma escultura de um condor levantando voo, e aos pés deste condor há uma mesa cerimonial de pedra que também reflete a mesma ave na altura do templo de Huiracocha", revelou.



Estas imagens podem ser vistas sob a luz do sol ao meio-dia de 21 de junho, mas o templo de Huiracocha conta também com uma serpente, esculpida em pedra, que só pode ser vista claramente sob o sol a partir de 30 de outubro.



Mila relatou que há outro ambiente conhecido como olhos que choram ou como sala dos espelhos astronômicos, onde, através de uma janela, se reflete a luz do equinócio nos dias 23 de março, 21 de junho e 21 de setembro.



Segundo o pesquisador, cada região do Machu Picchu, formada por diferentes templos, era visitada em distintas épocas do ano e, por isso, revela imagens diversas em momentos diferentes.



"São espaços de interatividade para as pessoas", destacou.



O templo do sol, por exemplo, tem uma mesa cerimonial ao centro, que a cada dia 21 de junho recebe a luz solar por uma janela que cai sobre a cabeça de uma escultura de condor.



Milla alertou, no entanto, que a cidadela de Machu Picchu, que em 7 de julho terá atos de comemoração pelo centenário de seu "descobrimento" pelo explorador americano Hiram Bingham, perdeu desde 1976 uma de suas esculturas mais representativas que marcava o cruzamento de dois eixos muito importantes.



Segundo ele, a enorme peça foi removida da esplanada da cidadela para que o rei da Espanha Juan Carlos I aterrissasse em um helicóptero para visitar o Machu Picchu, mas nunca foi recolocada no lugar. EFE