quinta-feira, 11 de novembro de 2010

ATRIBUTOS DA APRENDIZAGEM - JOÃO COUTINHO: PARTE II


Há dois métodos principais de adquirir conhecimento, a saber: O método de estudar, classificar, e assimilar fatos que tenham sido organizados por outras pessoas, isso facilmente podemos fazer através da leitura e da pesquisa. O segundo é colher, organizar e classificar por um método próprio os fatos que geralmente são conhecidos por experiência pessoal.


Em ambos os métodos devem-se voltar a atenção a um segundo atributo, aprender a fazer. No capitulo anterior falei sobre o hábito. Apontei que o hábito nasce através da repetição, como, por exemplo, fazer sempre as mesmas coisas, ter os mesmos pensamentos ou repetir sempre as mesmas palavras. Compara-se a força do habito as estrias de um cd gravável, onde através do principio da repetição desenvolvemos e gravamos algumas faculdades e vícios. Aprendemos a escrever dirigindo repetidamente os músculos do braço da mão, até conseguirmos traçar certos rabiscos conhecidos como letras, assim, aprendemos também a ler e a estudar.

A maioria das coisas que fazemos, é treinamento, não somente raciocínio. Assim pessoas compelidas a um objetivo erram ao transformar aprendizados em concepções fechadas e invioláveis. Quando se repete por várias vezes algo, o que parece obvio se transforma em verdade.

No mundo religioso e cientifico, encaramos momentos de puro fascínio. Quando determinados a descobrir algo envolvemos em muitos pontos de vista. Se ficarmos presos apenas às descobertas dos outros, poderemos cometer o erro de vivenciar somente o pensamento dos outros.

Há aqueles que acreditam que para aprender é preciso ler e ler cada vez mais, esquecendo a figura do professor. Tornam-se comedores de livros, repetindo o que leram e apreenderam. O maior erro seria defender as opiniões vindas de vários autores sem antes refina-los de acordo com que pensa.

Um pensamento comum, por exemplo, são aquelas que buscam respostas sobre Jesus Cristo a qualquer custo. Lendo livros céticos ou não, revistas, vídeos e outros. Saberão o que outros descobriram e estudaram. O erro está em defender as idéias que outros buscaram, sem antes buscar por si próprio a respostas. Se preferir estar passivo a idéias dos outros tornará apenas um conhecedor sobre historia teológica e nada mais. A pesquisa teológica deve ser voltada no final a descoberta interior.

Vamos para sua casa, quem manda nela, os pais, a esposa, marido, parente ou filhos? Se chegar alguém à sua casa e mandar em tudo, perderá a autoridade e a honra da casa será violada. Quem manda na casa é quem mora nela, o marido, a esposa, os filhos em harmonia, na busca de uma só intenção. A felicidade da família.

Seu corpo é a sua casa. Ninguém tem o direito de violá-la, podemos visitar com palavras, pensamentos e versos que levam a reflexão. Podemos dar um pouco de nosso amor e amizade, mas nunca usurpa-la.

Aprender a fazer é aprender a organizar, a classificar e determinar um objetivo. É estudar e buscar algo que venha dar sustentação à aprendizagem. O conhecimento é algo que não se encontra apenas no meio externo, mas também dentro de si. Por isso é importante selecionar, escolher o que pode promover a ampliação e o aperfeiçoamento da capacidade de aprender. Procurar mobilizar as atividades mentais como classificar, recriar, analisar, relacionar e poder de síntese.

O desafio é imenso. Significa ter uma mente ativa e não meramente receptiva, ele vem da reflexão – ação e ordenação, com a capacidade de abstrair o conhecimento significativo representada na não fragmentação da realidade. O paradigma do senso comum diz que o saber-fazer não é derivação só do conhecimento adquirido, mas se deve a raiz cultural e ao conhecimento construído por um povo.

Ao apropriarmos do conhecimento a partir do momento que entramos em contato com ela, derivado da prática, da teorização ou do conhecimento a priori que são os conceitos da significação da existência e não do verdadeiro pecado chamada restrição, aprendemos a fazer.

Uma das dificuldades encontradas por quem busca aprender é achar professores que satisfaçam seu ideal. Muitos imaginam um guru que vai responder todas perguntas. A figura do guru é partilhada a um homem santo ou sem nenhuma mácula. Na realidade, a figura do mestre, hoje, é de uma pessoa comum, cheia de defeitos e com tantos problemas como outros. O velho solitário deixou de existir para dar lugar à pessoa simples e que também tem dúvidas.

Outra dificuldade é achar onde estudar e como fazer cursos, até que há disposição, mas reina a dúvida se vale à pena gastar dinheiro e seu tempo neste tipo de investimento. Infelizmente a desconfiança vive no meio espiritualista. Por esse e outros motivos, pessoas seguem solitárias. Aprender a fazer é um atributo que não exige nenhum grau de estudo e sim ação.

Alguns fatores são inerentes à aprendizagem, são eles: concentração, percepção, intuição, imaginação, criatividade, desenvolvimento da autoconsciência e vontade. Só que é complicadíssimo para uma pessoa solitária aprimorar com afinco esses fatores. A preguiça, o desmazelo e a falta de incentivo governam em seus pensamentos. Estudar em grupo seria o mais apropriado se não houver intrigas. A harmonia entre duas ou mais mentes torna-se possível qualquer prática.

Concentração é o ato de focalizar a mente sobre uma determinada coisa, desejo ou intenção, até que os meios para sua realização tenham sido elaborados e empregados com êxito. Duas leis entram em ação ao se concentrar. Uma é a lei da auto-sugestão; a outra é a lei do hábito. O hábito, aqui, é a base do treinamento da memória e a capacidade como desejamos pensar, enquanto a concentração é a chave mágica que abrirá as portas das prisões em que está encarcerado e transformará o que carrega em si, através da intuição, da confiança e entusiasmo aprender a fazer.

Por ser uma chave mágica, é preciso organizar, imaginar e criar para aprimora-lo, não somente com objetivo místico e nem como um processo ritualístico, mas encarado na forma de aprendizagem. Apesar disso, um cético terá mais dificuldade, não porque ele não acredita, mas porque são preciso uma boa dose de imaginação, auto-sugestão e propósito para atingir um determinado objetivo em perfeita harmonia.

Porque isso? O leitor deve estar se perguntando. Porque a maneira correta da prática requer tanto fé quanto à própria prática. Aquele que tiver ambas, a fé e a prática, em harmonia, consegue com mais facilidade realizar seus objetivos. Isto significa que a ação é fé, e sem ação não pode haver uma verdadeira fé, é preciso ter confiança em si para então fazer.

Elevar o pensamento a um determinado assunto, fonte e sensação até que os fatos ligados a ele comecem afluir na mente é um indicador de que a ação construtiva da mente está sendo estimulada e controlada para um determinado fim. Esta ação sofre a influência da auto-sugestão mental, mas sem o uso da persuasão, ela deverá ser realizada sem que seja estimulada pelo medo ou pela cólera. A perseverança e a vontade são processos que ajudam a concentrar a força emocional para esse intercâmbio.

Ilustro um exercício para ajudar a aprimorar a faculdade de concentração, existem outros métodos, escolhi este em particular por não se tratar de nenhuma espécie de ritual, e nem uma espécie de receita de bolo, mas é certo que devemos criar uma força decidida pela vontade, devido sermos seres incompletos e em construção. Por esse motivo devemos praticar alguns exercícios de meditação para aprender a fazer.



Prática para aprimorar a concentração



Material necessário: um prato largo, uma vela (* não se trata de nenhuma espécie de ritual) e fósforos.



1 – Isole-se em um quarto. Utilize roupas leves ou fique totalmente ou parcialmente nu.

2 – Deite-se ou sente-se de maneira confortável. Cerre tranqüilamente as pálpebras.

3 – Comece o relaxamento pelos pés. Sinta-o contra o chão. Passe todo o comando de relaxamento para as pernas, tronco, músculos das costas, membros superiores, músculos faciais, couro cabeludo. Relaxamento total.

4 – Respire profundamente, retenha o ar por alguns segundos e expire. (É bom conhecer quantas vezes respira por minuto. Uma pessoa respira normalmente de 12 a 13 vezes por minuto quando está relaxada, que não é o ideal, uma outra hora poderá treinar para diminuir gradativamente o tempo de respiração até no máximo ou próximo a 7 vezes por minuto, isto exige muita prática não tente fazer isso no inicio. Respirar adequadamente, evita muitos problemas respiratórios e cardíacos. Quando respirar procure ver se a barriga enche de ar e quando expirar procure verificar se a barriga esvazia, algumas pessoas fazem ao contrário). Esta técnica deve ser feita de maneira compassada e rítmica.

5 – Não marque tempo para terminar. Procure fazer sem se preocupar com o horário.

6 - Coloque uma vela acesa no centro do prato largo para evitar incêndio.

7 – Mantenha o ambiente semi-escuro.

8 – Mantenha-se sentado confortável diante da vela. Está deverá manter a uma altura propicial para ser observado pelos olhos. A distância mínima deverá ser de meio metro.

9 – Fixe atentamente no movimento e nas cores da chama da vela. Concentre-se sobre ela.

10 – O ponto ideal de concentração será quando este perder-se totalmente a conscientização do resto do mundo físico ao seu redor

11 – A vela deverá fazer parte de você. A energia da chama deverá ser parte de você mesmo. Pratique várias vezes.

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