quinta-feira, 11 de novembro de 2010

ATRIBUTOS DA APRENDIZAGEM - JOÃO COUTINHO: PARTE I

Este artigo é voltado para aquele que busca aprender, de maneira solitária ou não, ensinamentos esotéricos e espiritualistas. Não quero aqui impor nenhuma regra, longe disso, e nem tampouco, colocar minhas idéias e opiniões como algo a ser seguido. Este artigo deve ser encarado como objeto de reflexão para que aquele que se interessa pelo assunto, mas antes quero dizer que é impossível em um pequeno artigo descrever tudo do que se precisa para aprender. Existem muitos livros pedagógicos falando sobre o assunto. Portanto eu não espero transforma-lo numa espécie de manual.


Decidi delinhar em partes para que a leitura não ficasse cansativa e que o leitor pudesse ter melhor aproveitamento. Não sou dono da verdade, apenas possuo uma certa parcela de experiência sobre o assunto, mas nada do que muitos amigos magistas e professores, como eu, não possam saber.

Antes de citar qualquer atributo para aprendizagem, acredito que seja correto dizer que nenhuma aprendizagem pode ser realizada com sucesso se não houver amor. É imprescindível gostar do que faz. Se dedicar com verdadeira paixão, vontade e atenção, será mais proveitoso e verá como a compreensão dos conhecimentos chegará com mais facilidade.

É através do amor que crescemos, que lutamos e vencemos. Somente através da paixão de existir, de ir a busca do aprendizado é que podemos construir um conhecimento. Deve-se fazer o que gosta, de maneira que sinta-se bem fazendo e aprendendo. Se ocorrer desgosto por algum motivo, seja por frustração, por desmotivação ou por decepção, perde-se o interesse sobre a aprendizagem. No entanto, o fator negativo vindo do fracasso pode inspirar um novo fôlego, uma nova atitude, um novo alvorecer para seguir em frente com a busca pessoal.

Como o homem não possui uma natureza única. Sua quadruplecência retrata o que se tem de mais precioso, e é isso, que o diferencia de muitos animais, é esta capacidade de adquirir e de poder construir seu próprio conhecimento.

É neste ponto que apresento o homem como ser quaternário. Apesar do simbolismo cristão da trindade, proporcionamos em nossa inconsciência uma forma psicológica de quaternidade que faz nos perceber uma presença oniponente, a magia, a satisfação e uma sensação indescritível que reflete a presença do Deus no coração.

Esta idéia mostra o homem não apenas como parte de três bases de espiritualidade, mas uma outra, mais humana, que demonstra nossas imperfeições, fracassos, discórdias, erros e enganos. O mensageiro da dúvida que se transforma na ponte entre o conhecimento e a dificuldade, entre a magia e o homem e a sua alegria de vencer e poder continuar depois do fracasso. Isso torna tudo o que acontece conosco uma forma de aprendizagem, por isso dizemos que estamos aqui, nesta vida, para aprender.

Aprender é uma ação constante e incessante em nossa vida. "A vida inteira, do instante do nascimento ao instante da morte, é um processo de aprendizagem", diz Krishnamurti. Não importa o número de diplomas que tenha, ou quão inteligente você seja, sempre tem algo a aprender.

O primeiro atributo que se deve conhecer é aprender a aprender. Isto não é tão fácil quanto pensamos. Existem várias fontes de informações, dados e experiências vindas de vários lugares e pessoas. O congestionamento é tão intenso que no momento a qual se interessamos por uma determinada coisa já aparece outra que fascina e acabamos por trocar uma certa informação por outra até que se torne um circulo vicioso.

Sabendo deste lado vicioso sobre as coisas, devemos atentar aos hábitos. Faz-se algo errado porque adquiriu um hábito de fazer esta coisa repetidamente, mesmo que inconsciente. Um exemplo que aqui possa parecer vulgar é o hábito de gastar mais do que ganha. Aquele que possui este hábito e não consegue se livrar dele ficará sempre traumatizado e chateado por viver sempre na forca. Seus pensamentos sempre estarão focados em como se livrar de dívidas e terá dificuldade em concentrar num determinado aprendizado.

Para aprender a aprender é necessário educar hábitos mais impertinentes. Na realidade, tudo é uma questão de hábito. Se não tiver o hábito de ler, dificilmente conseguirá terminar este artigo com a compreensão da mensagem que tendo transmitir.

O hábito mais difícil para alguns é o hábito de estudar. Ficar horas e horas debruçadas sobre um livro até que o entenda é angustiante para algumas pessoas. Por isso deve-se criar o hábito de fazer pequenas anotações, principalmente das palavras que não entendemos e o mais difícil procurar saber o que elas significam. Se estudar for algo trabalhoso e chato, então deve-se criar um esforço para ler textos curtos e significativos, aumentando gradativamente, até que se torne um hábito. Todo hábito aparece através da repetição. Comece com coisas de interesse e que goste.

Hoje, contamos com vários recursos além dos livros como Internet, vídeos de conferencias e cursos. Por isso aquelas pessoas que não tem paciência de ler e estudar pode contar com muitas opções de informações. Há aquele que mesmo assim prefere aprender tudo na prática, fazendo e observando tudo, entretanto, é importante criar o hábito de anotar, num diário talvez, mesmo coisas que não ache importante, pelo menos é o ideal.

Um erro comum, nestes casos, é confiar demais na memória. Às vezes não lembramos tudo o que fizemos no dia anterior, quanto mais o que fizemos a uma ou dez semanas atras. A memória é à base de todo aprendizado. Se a memória está fraca e muito pouco confiável, não será nada bom. O cérebro dá uma pane quando está muito ocupado, com coisas e informações que dificultam a concentração de um determinado aprendizado.

Com certeza você já fez uma faxina na sua casa, então faça faxina também em sua mente. Retire o lixo armazenado que ocupa a memória e dificulta seu poder de concentração. E a história do computador que quanto mais arquivo desnecessário ele tiver mais lento ele será.

É sempre bom verificar se ocupa o cérebro com muitas besteiras e informações nada importantes. Antes é imprescindível lembrar que divertimento não é besteira, mas o hábito de pensar em apenas se divertir e nada mais, aproveitando-se do bom senso das pessoas e esquecendo das responsabilidades e das pessoas com que convive é prejudicial.

Isso tudo não significa que a pessoa deve ser um nerds para aprender. Na realidade aprender é algo natural. Considerar o ser humano como pessoas incapazes de pensar racionalmente, e encarar os pobres e iletrados como seres desordeiros, subversivos, que devem ser "domesticados" para o convívio social, é inadmissível para o buscador.

É como ser uma mãe, não existe uma fórmula para ser uma boa mãe ou um bom pai, nem escola que possa ensinar isto, aprendemos quando somos pais. Mesmo assim, por mais inteligentes e cultos que podemos ser, por mais conceitos sobre como educá-los sempre erramos em algo, principalmente quando os filhos se perdem em coisas que acreditamos que deveríamos ter ensinado ou eles terem aprendido. Sabemos que não existem fórmulas, mas existem atributos, como a educação familiar, educação escolar e a educação religiosa ou moral.

Para facilitar a aprendizagem devemos educar nossos velhos hábitos, observar, escutar mais, anotar e buscar respostas as nossas dúvidas não tendo medo de perguntar e, sobretudo, humildade. Um outro ponto é procurar saber qual é a melhor forma que possuímos para a aprendizagem. É cinestésico, visual ou auditivo?

Durante toda vida escolar um aluno aprende muitas disciplinas, mas poucos professores ensinam como estudar sua matéria. Há pessoas que tem dificuldades de aprendizagem na área de exatas, outros na área de humanas e cada um deles possuem uma forma de se estudar diferente.

Em todas as fases da vida o grau de aprendizagem é diferente. Há diversas possibilidades de aprendizagem, ou seja, há diversos fatores que nos levam a apresentar um comportamento que anteriormente não apresentávamos, como crescimento físico, descobertas, tentativas e erros, ensino e como encaramos aquilo que estamos aprendendo.

Por exemplo, a pessoa auditiva tem grande facilidade em aprender ouvindo uma determinada explicação e uma das maneiras que ele encontra é falar a todo o momento. Esta pessoa estuda escutando sua própria voz, fazendo gestos como se tivesse ensinando para alguém imaginário.

Enquanto que a pessoa visual gosta de estudar em silencio, aprende com facilidade apenas observando, lê muito e não gosta muito de conversa fora. Prefere que se prove e mostre o que esta ensinando. A pessoa cinestésica já prefere fazer, utiliza-se da pratica para aprender, pessoas assim facilmente se tornam bons mecânicos, pedreiros e outras atividades que usam mais a prática do que teorias.

Um homem extremamente auditivo casado com uma mulher extremamente visual possui algumas diferenças, por exemplo, um homem auditivo diz a sua esposa que a ama, que ela é tudo na vida dela, ele sente isso, dentro de seu ego, e a maneira que ele encontra de expressar este sentimento e falar a todo o momento a sua esposa o que sente. Enquanto a mulher visual não quer apenas ouvi-lo apenas dizer que a ama, quer receber flores, bombons, ir ao cinema, passear ou ganhar presentes. Ela se sente segura se o homem que esta ao seu lado demonstre que a ame e não apenas fale.

Para aprender a aprender é importante reconhecer como se comporta diante das pessoas e das coisas, principalmente em frente a algo novo. Olhar com apreciação as fontes de aprendizagem e não ignorar fatos que parecem insignificantes. Esta idéia também esta relacionada à percepção e as concepções que carregamos na vida, discutida neste artigo mais adiante.

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